segunda-feira, março 20, 2006

As capelas da freguesia do Faial

Da freguesia de Nossa Senhora da Natividade do Faial, se desmembrou em 1848 a de São Roque, que passou a ter sede na antiga capela desta evocação, tal como muito antes, em 1577, se havia desmembrado a do Porto da Cruz. A pequena capela de São Roque teria sido fundada em 1551, também correndo a respeito do seu orago a lenda de que, de vez enquanto, fugia da sua capela e se refugiava numa das grutas da Penha de Águia. A primitiva capela foi arrastada pelas águas na aluvião de Setembro de 1883, desapareceu totalmente e a actual foi benzida em Dezembro de 1927.
A descrição das capelas do Faial em 1720 foi feita assim por Noronha: No seu distrito (do Faial) estão duas ermidas, a de S. Roque e a da Penha de França, que foi toda edificada dentro de uma penha, aberta ao picão e nela se lavrou o tecto, pavimento e paredes, com porta e retábulo da mesma pedra. A qual está em uma quinta que por aqueles tempos foi de Luís Dória Velozo e hoje de seus descendente, Luís de Irvão Teixeira Dória.
Nesta freguesia está também o morgado que chamam da Penha d'Águia, o qual se levanta como ilha, no meio da terra. Foi instituído por Lançarote Teixeira, grande cavaleiro, filho quarto do 1º capitão de Machico Tristão Vaz. E foi seu filho primogénito António Teixeira, a quem chamaram o Rei Pequeno, pela generosidade das suas acções.
Não podemos deixar de comentar esta apreciação da “generosidade das suas acções”, pedindo ao leitor para a comparar com o que escreveu o cónego Fernando Vaz e já transcrevemos. Também existia na primitiva freguesia uma capela da evocação de São Luís, já desaparecida.
Resta escrevermos sobre a célebre pequena capela de Nossa Senhora da Penha de França, parcialmente escavada num enorme penedo de cantaria avermelhada, no sítio denominado da Diferença. Esta capela foi fundada em 1685 por António Teixeira Dória, 5º neto do primeiro capitão de Machico, num local que diz a tradição, ter sido refúgio de escravos canários fugidos, os chamados “homens bravos”. Também da existência de escravos guanches canários ficou no centro da Ilha o Pico do Canário.
A capela da Penha de França do Faial situa-se entre verdejantes terrenos de cultura a que se tem acesso por uma escadaria algo improvisada e ladeada por flores e árvores de fruto, pertencentes e ao cuidado da população que ali reside. Apresenta portal com arco de volta perfeita inscrito em empena recortada superiormente em carena e encimada por cruz. Ao mesmo nível da empena da fachada segue-se no lado do Evangelho a sineira, definida por pequena abertura com arco de volta perfeita em parede, pouco acima da empena e com quase igual recorte.A capela foi restaurada em 1904 por João Teodoro Figueira, avô dos actuais proprietários, voltando a sê-lo recentemente, na sequência dos 300 da sua fundação.

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