segunda-feira, março 20, 2006

A freguesia do Faial

A Igreja teria sido uma das organizações de poder que se exerceu com maior eficácia na época moderna, desde os âmbitos mais periféricos, como a família e as pequenas comunidades rurais, até ao âmbito internacional, ombreando com os poderes imperiais e reais. Presente no terreno através das suas freguesias, à Igreja competiu verdadeiramente o controlo da população, desde os nascimentos, registados nos seus livros de baptismos, casamentos, também com livros próprios e mesmo falecimentos, registados nos seus livro de óbitos.
A Igreja encontrava-se, na época moderna, presente nas pequenas comunidades por intermédio da organização paroquial, no âmbito corporativo, através das confrarias específicas de cada profissão e continuando ao nível territorial insular, através da disciplina imposta pelos prelados, pelos seus visitadores e delegados, assim como pelo cabido da sé do Funchal, nos casos de "sé vagante". Ao nível geral do território nacional exercia-se através do direito canónico, das várias constituições eclesiásticas e ainda de diversas normas deontológicas próprias, difundidas e vulgarizadas nos devocionários e manuais de confessores[1].
As relações entre a Igreja e o Estado eram delimitadas pelas velhas Ordenações Manuelinas e Filipinas, que legitimaram a sua acção em matéria de pecado, quando a causa em questão não estivesse determinada por "lei, estilo ou costume", assim como eram pontualmente reformuladas por uma contínua legislação intercalar, difundida a partir de conflitos pontuais entre as jurisdições régias e episcopais[2]. A todos os níveis territoriais, mesmo insulares, até à mais distante paróquia, a Igreja possuía estruturas administrativas através das quais eram difundidas as suas directivas e onde depois o seu cumprimento era minuciosamente inspeccionado nas contínuas visitações dos prelados e seus delegados.
Com a progressiva transformação da Ilha em sociedade organizada, assim como com a sua passagem à casa real, foi-se instituindo a Igreja em duas vertentes essenciais: uma de carácter particular, através do estabelecimento de capelas / vínculos pelos abastados mercadores de açúcar, que iam servir as populações dependentes dos mesmos; e outra de carácter oficial, primeiro da Ordem de Cristo e depois da Coroa, a quem competia a manutenção do culto.
O termo capela é um vocábulo complexo, que tem evoluído com o tempo, fazendo por vezes cair em erro o leitor mais desprevenido. Assim, designa-se hoje por capela (do latim capella) o lugar, no vão de parede de igreja, onde existe um altar e se diz missa; assim como a igreja privativa de casa mais ou menos nobre, convento, colégio, etc. Igualmente pode designar um pequeno templo dum povoado, ou perto dele, onde exista só um altar, embora, e neste último caso, seja mais correcta a designação de ermida, como pequena capela em lugar ermo.
No entanto, designou em princípio o termo capela, o conjunto de vestimentas litúrgicas, de paramentaria e alfaias. Só mais tarde o termo se tornou extensivo ao edifício ou ao local onde se guardavam e conservavam esses acervos. Por outro lado, a ideia de capela está ligada a uma espécie de morgados eclesiásticos que, por muito tempo, se confundiram com os morgados de vínculo, principalmente quando se começou a dar aos morgados encargos eclesiásticos e às capelas, administradores leigos. A reparação foi feita por D. Manuel I, que distinguiu as capelas dos morgados da seguinte forma: no morgado havia um rendimento certo para o encargo e tudo o mais era do administrador; na capela havia um rendimento certo para o administrador, ficando o restante para o encargo.
Neste quadro, a fundação de uma capela exigia, e exige, a vinculação de determinados bens à subsistência dessa instituição, desde o pagamento do capelão, à conservação do edifício, à manutenção do altar, etc. Daqui a existência de bens vinculados às capelas, imprescindíveis para a sua manutenção, o que comportava a nomeação de um administrador e a demarcação correcta do encargo em causa. A complexidade de todo este assunto levou, dadas as dificuldades por vezes surgidas, à criação dum juízo e dum juiz de resíduos e capelas[1].Foi à volta destas primitivas capelas que se reuniram os filhos da Igreja, os fregueses, constituindo assim a freguesia ou paróquia, sob a orientação dum cura ou dum prior, depois dum pároco ou vigário[2], etc. Saliente-se que, enquanto capela, a instituição vence somente um capelão, presbítero ou diácono, um sacerdote com ordens de missa, mas sem acesso oficial aos restantes sacramentos, como baptismos, casamentos, etc. A partir do momento em que foi instituída como curato e paróquia, passa a ter outras funções e por conseguinte, outros encargos e dependências. A nomeação de pároco era, como é lógico e porque envolvia verbas, da responsabilidade da Ordem de Cristo e, na sua sequência, da Mesa da Consciência e Ordens.
[1] O primeiro de que temos notícia foi o escudeiro João do Porto, provido em 1486 por D. João II com 12 000 reais brancos (AHM, idem, vol. XVI, págs. 196 e 197, doc. 108, 19 de Maio de 1486), a que se seguiu, pelo seu falecimento, em 1493, Pero Quaresma, com o mesmo vencimento (ibidem, vol. XVII, págs. 282 e 283, doc. 167, 6 de Maio de 1493). Curiosamente, no final dessa nomeação, referia-se que “E vagando este, ho que vier nam avera mays de oyto mill rrs de mantimento”.
[2] Pelo Direito Canónico, chama-se vigário àquele que exerce poderes de ordem ou de jurisdição em vez de outro e em seu nome. Assim, um sacerdote pode estar encarregado do governo de uma paróquia de duas maneiras: como pároco propriamente dito ou como vigário-ecónomo. No primeiro caso, adquire a paróquia como proprietário, no segundo só em administração. A maioria das paróquias são providas de vigários-ecónomos como párocos.

9 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Sugestão: Deveriam ser mostradas imagens de forma a ilustrar e enriquecer o discurso... e assim revelar a beleza da sua paisagem, das suas gentes e da sua história

4:48 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Gosto muito do Faial e acredito que se podem fazer muitas coisas para enriquecer mais sua beleza,

fazo uma sugestão a informação contida no blogger deveria ser mais resumida destacando os aspectos mais importantes, já que torna-se cansativa ao leitor, e também deveria estar mais actualizada.

12:49 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Vejam esta linda noticia e comentário feito no do Diário de Noticias da Madeira, ou em:
http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn04011010041009


O Santana sozinho em casa
Mitchell aguardou a chegada da equipa em Lisboa e hoje vai estar no banco
Data: 04-10-2009 Comentários: 1

Das cinco equipas madeirenses inseridas no Campeonato Nacional da II Divisão, zona sul cabe ao Santana jogar na qualidade de anfitrião. O conjunto do Norte da Ilha, que vai utilizar o Cristiano Ronaldo Campus-Estádio, na Choupana vai receber a visita do Odivelas, numa partida, em que os pupilos de Paulo Abreu vão tentar alcançar a primeira vitória. O início do embate está marcado para as 16 horas.


Comentários
Anónimo : Actualizado: 05-10-2009 15:06:30
Onde anda o Santana do Candelária?: Este Santana anda pelas ruas da amargura, tanto esbanjaram (Candelária, Marcelino Andrade, Rogério Gouveia (que namora com a sobrinha do Miguel Mendonça por conveniência) e Miguel Freitas (2º candidato do PSD à assembleia municipal de Santana) que agora nem dinheiro têm para pagar os motoristas do clube! Vergonha! Há jogadores que ainda nem receberam os vencimentos da época passada mas o Dr. Marcelino Andrade e o Dr. Rogério (Veiga) fartaram-se de viajar o ano passado para o continente, ficando hospedados em hotéis de luxo e carros de aluguer tudo por conta do clube e agora saíram em grande como se nada se tivesse passado! O Coelho devia vir a Santana denunciar certas coisas e jogadas que esses senhores fizeram no clube e esta comissão administrativa sabe disso e também não diz nada, porque será? Não leva muito tempo e tudo virá ao de cima, até o DN não publica certas coisas não sei se o Candelária também já passou lá a prevenir algo ou então foi o Dr. Rogério Gouveia, porque sendo adjunto do Machado das Finanças (aquele que manda o motorista levar o filho à escola com o carro do Governo) julga-se que tem o poder e ate amigos levou à conta do clube a passear!

11:47 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Sabiam que o presidente da Comissão Administrativa do Santana está de férias no Sul de Espanha há uma semana juntamente com este Dr. Rogério Gouveia e respectivas namoradas?! Acham isto normal depois das vigarices que este Rogério fez com o Candelária numa gestão danosa do clube, em que pediram a demissão e agora anda a passeios com o presidente da Comissão sabe lá com que dinheiro! Acham isto normal meus senhores? Cheira-me a esturro, mas o certo é que ninguém diz nada, nem o DN investiga! Será que ainda foram passear com as namoradas à custa do dinheiro do Campo de Tenis que o IDRAM deu (80.000 contos!!) ao Colmo propriedade do pai do Presidnete da Comissão Administrativa? É que dinheiro para pagar fornecedores e jogadores desde há 2 épocas parece que não existe. É tempo de investigar estas jogadas todas, porque este Rogério é um oportunista e o seu chefe, Machado das Finanças, até sabe disso e foi quem o aconselhou para desistir do clube porque tava dando muitas nas vistas os passeios ao continente e alojamentos com os amigos em estadias de luxo à custa do clube.

12:14 da manhã  
Anonymous Manuel Faria disse...

Sou Açoreano já vivi nesta linda freguesia onde deixei grandes amizades onde parti-hei grandes momentos de alegria, e lazer nas espetadas nas lindas festas, da anona , da nossa senhora da natividade ,nas festas de santana , em s. roque , porto da cruz ,e outras mais

7:20 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

o faial precisa de uma pessoa mais dinamica, presente e interessada na defesa dos interesses da freguesia e suas gentes, por isso devia ser outra a pessoa como presidente da junta que só o é não por meras e interesseiras razões politicas. O faial como a maioria do norte da madeira está a ficar com pouca população e precisa de politicos mais energicos e interessados em politicas de fixação das populações.

7:53 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

O Faial tem presidente de junta???
Os sítios da penha dáguia,lombo de baixo, cima, cruzinhas, tem uma rede fiável ou conviável de água potável??? O Faial está a conservar os seus caminhos e veredas seculares??? O Faial tem alguma politica para fixação de população???
etc, etc, já adivinham as respostas - NÃO!!!

8:12 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Esta pag. tem muita pouca informação sobre o faial, uma das mais lindas freguesias da madeira, e como noutraA matérias que devido^`a incompetencia e desleixo da junta e assembleia de feguesia é uma freguesia esquecida e abandonada, sem actividades, sinalectica, serviços publicos deficietnes, sem intervenção civica das populações, etc. È pena!

4:38 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Esta pag. tem muita pouca informação sobre o faial, uma das mais lindas freguesias da madeira, e como noutraA matérias que devido^`a incompetencia e desleixo da junta e assembleia de feguesia é uma freguesia esquecida e abandonada, sem actividades, sinalectica, serviços publicos deficietnes, sem intervenção civica das populações, etc. È pena!

4:39 da tarde  

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