segunda-feira, março 20, 2006

A Banda Filarmónica do Faial

Tal como quase todas as freguesias da Madeira, também a do Faial fundou nos finais do século XIX a sua banda, então como Banda Filarmónica Recreio União Faialense. A fundação efectuou-se em 1895, em princípio, no dia 1 de Dezembro daquele ano. Citam-se entre os fundadores Joaquim Francisco de Freitas e João Xavier de Freitas. Colaboraram ainda neste inicial projecto o Dr. João Albino Rodrigues de Sousa, importante proprietário e ao qual se ficou parte da organização, Júlio Teixeira, Manuel Marques Barcelos e o Dr. João Catanho de Meneses. A banda ensaiava nos inícios do século num velho engenho da família Catanho de Meneses, ao sítio da Banda dos Moinhos.
Conhecemos o “Contrato de Aprendizagem”, datado de 21 Fevereiro de 1897, efectuado na freguesia do Faial, comarca de São Vicente, no sítio da Igreja, na morada do tabelião Jacinto da Silva Meneses e sendo juiz, Carlos João de Sousa, que nos facultado pelo Dr. Marco Gonçalves, ao qual muito agradecemos.
O contrato foi estabelecido entre a Filarmónica e o “mestre Frederico José Della-nave”, músico, morador à rua das Pretas, na freguesia da Sé do Funchal, comprometendo-se o Mestre a é obrigado a “ensinar a sua arte da música instrumental para a banda marcial” a quase 20 aprendizes, “por um ano diariamente (excepto ao Domingo), mediante um vencimento de 15 mil reis”. O Mestre fornecia “à suas custa o papel e a música necessária para a organização da banda” e devia “empregar todo o seu zelo e solicitude pelo adiantamento dos aprendizes”.
Faltando às suas obrigações, perderia “o direito a toda a música que haja fornecido à sociedade” e pagaria uma multa de 50 mil a 100 mil reis. Por outro lado, “Se a sociedade faltar às obrigações, a música ficará na posse do mestre”.
Curiosamente, o contrato abre com a listagem de todos os aprendizes e a sua morada. Temos assim, Joaquim Francisco de Freitas, artista, casado, do sítio do Lombo do Lourenço, João Dias dos Ramos, solteiro, da Terra do Baptista, freguesia do Porto da Cruz, Manuel Marques Barcellos (um dos fundadores ?), solteiro, lavrador, do Lombo do Lourenço, Júlio Teixeira da Silva, lavrador, solteiro, do Lombo de Cima, Joaquim de Sousa de Freitas Júnior, casado, lavrador, da Banda dos Moinhos, Manuel de Freitas de Gouveia, solteiro, do sítio do Pico do Guindaste, Germano Gomes Camacho, casado, lavrador, do Lombo de Cima, José Reinaldo, solteiro, lavrador, do Lombo de Baixo, António de Sousa de Freitas, casado, lavrador, do sítio da Banda dos Moinhos, José Daniel Lopes, casado, lavrador, sítio da Longueira, António Mendes, casado, lavrador, sítio do Guindaste, e António Fernandes da Silva, casado, lavrador, do Pico do Cerro Gordo, freguesia de São Roque Faial. O contrato acrescenta aqui “sendo os outros lá do Faial”.
O contrato continua com José Fernandes da Silva, casado, lavrador, do sítio do Pico do Cerro Gordo, e uma série de menores solteiros, com a indicação da autorização dos pais: Manuel Teixeira Brasão, solteiro, menor, autorizado pelo pai Manuel Theodoro Teixeira Brasão, casado, lavrador, do Lombo de Cima da freguesia do Faial, João Reinaldo, também solteiro, menor, autorizado pela mãe Augusta Correia, do Lombo de Baixo, Daniel Joaquim de Freitas, autorizado pelo pai, mas não referido, João Manuel Xavier de Freitas, autorizado pela mãe Maria Rosa, viúva, do sítio das Covas, Joaquim de Freitas de Jesus, autorizado pelo pai Manuel Freitas, lavrador também do sítio das Covas, freguesia do Faial, e João Catanho da Silva, autorizado pelo pai José Catanho da Silva, ambos “lavradores e moradores no sítio da Banda dos Moinhos”.
Assim, foram regentes desta Filarmónica depois do mestre Frederico José Dellanave, por vezes também referido como sargento músico, os sargentos músicos Gualberto, João da Costa Ramiro, Ângelo Serrão, Manuel Nascimento, João de Freitas Mendonça, João Pinto Oliveira Rocha e os professores Crisóstomo do Livramento e António Augusto de Freitas. Em 1958 era presidente da Banda o Sr. Joaquim Candelária e regente, o 1º sargento músico Ulisses Teixeira. Por essa data e segundo a Voz da Madeira, a banda contava com um efectivo de 20 executantes e 15 aprendizes. Segundo o mesmo jornal, “Esta banda não recebe qualquer subsídio oficial e vive exclusivamente do esforço pessoal dos amadores e dos executantes e da generosidade da população Faialense a quem recorre quando periclita a sua manutenção e existência. Tanto os executantes como os aprendizes empregam-se exclusivamente nos trabalhos agrícolas. É de justiça destacar a dedicação dos Srs. José Gonçalves Valente, presidente da Assembleia geral, José Silva Presidente da Direcção, Avelino Gomes, secretário, Álvaro Mendonça, tesoureiro, Joaquim Candelária , Manuel Filipe, etc.”.
Foram entretanto directores desta colectividade os Srs. João Gonçalves, José Silva, Avelino Gomes, Álvaro Mendonça, Joaquim Candelária, Manuel Filipe, Dr. Simão entre outros.
A banda ensaiou pelos meados do século em instalações cedidas gratuitamente pela família do Dr. João Catanho de Meneses e as suas actuações decorriam essencialmente nas festividades locais, embora algumas algo distantes, existindo fotografias, por exemplo, da banda no Pico Ruivo, em 1935, a caminho do arraial do Curral das Freiras, deslocação então efectuada a pé. A banda reunia-se ainda em outro tipo de festividades, com a chegada de alguns emigrantes de renome da Freguesia, como em 14 de Março de 1948, quando regressou à sua freguesia, vindo do Brasil, J. F. da Silva.
A Filarmónica do Faial estendeu logo de início a sua acção às freguesias vizinhas, citando-se em 1958 que, “no Porto da Cruz, conta também com numerosos amigos entre os quais os Srs. Dr. Simão de Sousa, António de Sousa Alcides de Oliveira, Gregório Rodrigues”. Também segundo o mesmo periódico, “esta banda tem atravessado períodos prósperos e de decadência. Há poucos anos durante a regência do saudoso Sargento Música Oliveira Rocha, marcou esta instituição lugar de destaque entre as filarmónicas congéneres”.
A Banda comemorou em 6 de Dezembro de 1970, o seu 75ª. aniversário, com um almoço de confraternização na Casa de Chá do Faial. Sendo então presidente da Direcção da mesma Banda, o pároco da freguesia, padre Isidro Rodrigues, a anteceder o almoço, celebrou-se pelas 11 horas, na igreja paroquial do Faial uma missa solene, à qual assistiram o presidente da câmara de Santana, Manuel Mateus Lourenço de Gouveia, directores, simpatizantes e executantes.
O almoço que depois se realizou, “e que decorreu em ambiente de sã alegria e convívio”, como refere a comunicação social, foi presidido pelo presidente da edilidade que, “ao doce, pronunciou um importante discurso finalizando por fazer votos pelo engrandecimento e prosperidade da colectividade recreativa e cultural do Faial”. Antes, porém, o presidente da banda e pároco da freguesia, congratulou-se com os 75 anos de existência da banda, prestando homenagem a todos os que têm contribuído para a sua existência.

As comemorações do Centenário da banda do Faial.

A banda do Faial consta hoje de cerca de 25 elementos e uma escola de aprendizes, com dois monitores, integrando já como quase todas as restantes bandas regionais, elementos masculinos e femininos. A direcção actual tomou posse em 1988 e é constituída pelos senhores António Candelária, como presidente, Dr. Rui Abreu, como vice, Arnaldo Teixeira, como presidente da assembleia geral e José de Nóbrega, como tesoureiro. O seu regente é o professor João Carlos Teixeira. Esta direcção tem desenvolvido um amplo trabalho no reactivar da banda, de acordo com as suas centenárias tradições, conseguindo já a instalação em sede própria, ao sítio da Igreja.
A banda deve igualmente ainda a sua existência a uma série de beneméritos faialenses, já citados, como Joaquim Francisco de Freitas, um dos fundadores da banda, depois emigrante no Havai e no Brasil; o Dr. João Albino Rodrigues de Sousa, advogado da 1ª metade do século e presidente da câmara de Santana; Manuel João Teixeira, um dos directores da banda também nos meados do século; e Joaquim Freitas Candelária Júnior (11.9.1897; 10.11.1989).
Este último incansável dirigente, a quem a Banda deve, em parte, a sua continuidade, foi alvo de uma homenagem em 18 de Outubro de 1987 em que participaram para além dos actuais corpos directivos, membros do Governo Regional, da câmara municipal de Santana e da junta de freguesia do Faial. Nesta homenagem, foi apresentada uma partitura da autoria do professor Manuel Esteves, criada propositadamente em honra do maestro e posteriormente tocada no encontro de bandas madeirenses da Ribeira Brava, assim como foi instituído um prémio designado "Joaquim Candelária", destinado a estimular as bandas musicais madeirenses.
Nas comemorações dos seus 100 anos, a banda deslocou-se à ilha de São Miguel, nos Açores, para uma série de sete concertos, resultantes de um intercâmbio com a banda dos Arrifes daquela Ilha e com o apoio do INATEL da Madeira e dos Açores. A Banda foi acompanhada por uma pequena comitiva constituída pelo seu presidente da assembleia geral, um representante da câmara de Santana, o presidente da junta de freguesia do Faial e ainda o Dr. Manuel Luís de Andrade, um colaborador da Banda.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

O «Dr. João Albino Rodrigues de Sousa, advogado da 1ª metade do século e presidente da câmara de Santana» foi de facto médico, e não advogado; de resto essa informação está escrita mais atrás.

3:46 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Vejam esta linda noticia e comentário feito no do Diário de Noticias da Madeira, ou em:
http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn04011010041009


O Santana sozinho em casa
Mitchell aguardou a chegada da equipa em Lisboa e hoje vai estar no banco
Data: 04-10-2009 Comentários: 1

Das cinco equipas madeirenses inseridas no Campeonato Nacional da II Divisão, zona sul cabe ao Santana jogar na qualidade de anfitrião. O conjunto do Norte da Ilha, que vai utilizar o Cristiano Ronaldo Campus-Estádio, na Choupana vai receber a visita do Odivelas, numa partida, em que os pupilos de Paulo Abreu vão tentar alcançar a primeira vitória. O início do embate está marcado para as 16 horas.


Comentários
Anónimo : Actualizado: 05-10-2009 15:06:30
Onde anda o Santana do Candelária?: Este Santana anda pelas ruas da amargura, tanto esbanjaram (Candelária, Marcelino Andrade, Rogério Gouveia (que namora com a sobrinha do Miguel Mendonça por conveniência) e Miguel Freitas (2º candidato do PSD à assembleia municipal de Santana) que agora nem dinheiro têm para pagar os motoristas do clube! Vergonha! Há jogadores que ainda nem receberam os vencimentos da época passada mas o Dr. Marcelino Andrade e o Dr. Rogério (Veiga) fartaram-se de viajar o ano passado para o continente, ficando hospedados em hotéis de luxo e carros de aluguer tudo por conta do clube e agora saíram em grande como se nada se tivesse passado! O Coelho devia vir a Santana denunciar certas coisas e jogadas que esses senhores fizeram no clube e esta comissão administrativa sabe disso e também não diz nada, porque será? Não leva muito tempo e tudo virá ao de cima, até o DN não publica certas coisas não sei se o Candelária também já passou lá a prevenir algo ou então foi o Dr. Rogério Gouveia, porque sendo adjunto do Machado das Finanças (aquele que manda o motorista levar o filho à escola com o carro do Governo) julga-se que tem o poder e ate amigos levou à conta do clube a passear!

11:47 PM
Anónimo Anónimo disse...

Sabiam que o presidente da Comissão Administrativa do Santana está de férias no Sul de Espanha há uma semana juntamente com este Dr. Rogério Gouveia e respectivas namoradas?! Acham isto normal depois das vigarices que este Rogério fez com o Candelária numa gestão danosa do clube, em que pediram a demissão e agora anda a passeios com o presidente da Comissão sabe lá com que dinheiro! Acham isto normal meus senhores? Cheira-me a esturro, mas o certo é que ninguém diz nada, nem o DN investiga! Será que ainda foram passear com as namoradas à custa do dinheiro do Campo de Tenis que o IDRAM deu (80.000 contos!!) ao Colmo propriedade do pai do Presidnete da Comissão Administrativa? É que dinheiro para pagar fornecedores e jogadores desde há 2 épocas parece que não existe. É tempo de investigar estas jogadas todas, porque este Rogério é um oportunista e o seu chefe, Machado das Finanças, até sabe disso e foi quem o aconselhou para desistir do clube porque tava dando muitas nas vistas os passeios ao continente e alojamentos com os amigos em estadias de luxo à custa do clube.

12:17 da manhã  
Blogger Manuel Gilberto Goncalves disse...

Minha linda freguesia
Faial Madeira Portugal
Sai da Madeira para a Venezuela
em abril de 1958
No barco chamado Ascania (italiano)
Ja quase 60 anos aqui
Mas o meu coração
nunca nunca saio do Faial,
@584126245321

5:14 da tarde  

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