Personalidades da freguesia
Dos filhos ilustres da freguesia já destacámos João Fernandes Vieira, dos Fernandes das Covas, Libertador de Pernambuco, no Brasil, nos meados do século XVII e vamos agora abordar o Dr. João Catanho de Menezes, deputado e ministro, o padre Dr. César Teixeira da Fonte, embora não natural do Faial, aqui pároco durante alguns anos, o escritor Alfredo de França e a poetisa D. Joana Castelo Branco.
Dr. João Catanho de Menezes - Natural da freguesia do Faial, aqui nasceu a 17 de Abril de 1854 e, de 1874 a 1879, frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito. Teve banca de advogado em Lisboa, onde conquistou um lugar de destaque, dedicando-se à advocacia de uma forma apaixonada. Progressista, representou a Madeira nas Cortes em 1890, 1897 a 1899, 1900, 1905 a 1906, abandonando o partido em 1907.
Com o advento da República, filiou-se no Partido Democrático e, em 1914 foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa e, em 1915, foi Ministro da Justiça no governo presidido pelo Dr. José de Castro, saindo do Governo logo que foi declarada guerra a Portugal pela Alemanha, em 1916. No entanto voltaria à pasta da Justiça de Fevereiro a Dezembro de 1922, de Julho a Novembro de 1924 e de Agosto de 1925 a 28 de Maio de 1926.
Entrou como deputado para o Parlamento republicano em 1915, sendo eleito leader dos Democratas, transitando depois para o Senado, onde igualmente foi leader durante seis anos, até ao 28 de Maio de 1926. Passou então à advocacia, vindo a ser indicado pela Câmara de Lisboa para árbitro na questão do preço da luz eléctrica, em 1931 e o lugar de presidente do conselho superior disciplinar da Ordem dos Advogados.
Veio a falecer em Cabeço de Montachique, a 16 de Maio de 1942.
Uma das antigas tradições da freguesia do Faial constitui no disparo dos velhos canhões do séculos XVIII e XIX existentes no velho forte decorativo da quinta Catanho de Meneses. O Dr. João Catanho de Meneses (1854-1942) foi um célebre político e advogado ligado ao partido progressista dos inícios do século, tendo ocupado por três vezes a pasta da Justiça. Na sua sequência, o seu filho homónimo, ocupou várias vezes o lugar de deputado do partido socialista nas recentes legislaturas da Assembleia Nacional, até ao seu falecimento.
Nos inícios do século XX, esta família reuniu alguns canhões de ferro abandonados na costa Norte no forte/mirante da sua quinta. Estes antigos canhões, predominantemente ingleses, eram provenientes de embarcações desmanteladas e, com o tempo, passou a ser perigoso fazê-los disparar, pelo que, por questões de segurança, se suspendeu a velha tradição. No entanto, em 1998, utilizando-se cargas de pólvora mais fracas e depois de terem sido testadas as suas condições pela equipe militar de salvas de Artilharia, os velhos canhões voltaram a disparar.O velho forte foi entretanto classificado como valor local e alvo de uma recuperação geral pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais, refazendo-se as carretas de artilharia, dentro do modelo de marinha e sítio, das várias bocas de fogo. Todo o empedrado em calhau rolado madeirense foi refeito, assim como consolidadas as paredes e a muralha e reparada a casa de apoio central, então dotada com uma pequena exposição de fotografias de gravuras antigas da área, acompanhadas com um pequeno historial da família Catanho de Meneses.
Padre Dr. César Teixeira da Fonte - De 1 de Março de 1930 a 29 de Novembro de 1938, paroquiou o Faial, acumulando a partir de 1934 as duas freguesias, o padre Teixeira da Fonte, advogado, o qual chegou mesmo a adquirir diversos paramentos e alfaias para a sua igreja, um relógio para a sacristia, promovendo ainda diversos melhoramentos no templo, gastando com tudo isto cerca de cem contos do seu património, o que à época era uma verba avultada.
Nascido na Calheta, a 29 de Setembro de 1902, frequentou o Seminário do Funchal e depois a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, desempenhando funções de sacerdote nas paróquias de Câmara de Lobos, Porto Santo, Calheta, Faial e São Roque do Faial. Ao padre Teixeira da Fonte, sucedeu como vigário da paróquia do Faial o padre Florentino Augusto de Sá, natural de Gaula e depois pároco da Assomada, no Caniço, na sequência do incêndio que destruiu a igreja matriz do Faial.
Quando o governo central promulgou o decreto de 4 de Junho de 1936, fundando a Junta de Lacticínios da Madeira, levantou-se uma forte reacção popular que deu origem à chamada “revolta do leite”, que alastrou pela costa norte da Ilha. A criação de um monopólio na indústria de lacticínios, tal como já se tinha verificado em relação às farinhas, não poderia ter outro caminho e desfecho.
O padre César Teixeira da Fonte, dentro da sua função de pároco, colocou-se ao lado dos seus paroquianos, sendo preso com eles, a 11 de Setembro de 1936. Passou assim alguns meses no lazareto do Funchal e depois na prisão de Caxias, em Lisboa. Ainda regressou à sua paróquia, em meados de Janeiro de 1938, mas a breve trecho, um ano, optava por regressar ao continente e matricular-se no Curso de Direito, que terminou a 21 de Julho de 1943.
O padre Dr. Teixeira da Fonte fixou-se entretanto no Continente onde, com o munus sacerdotal em S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, exerceu também a advocacia, dentro do apostolado que sempre norteou a sua vida. Escreveu e publicou Todos Cantam, 1924, A Prisão de um Padre Católico. Um Brado de Justiça, 1937, O Estado de Necessidade em Direito Criminal, 1943. Faleceu em Lisboa, a 18 de Junho de 1989.
Alfredo de França - Nasceu na freguesia do Faial, a 14 de Dezembro de 1883 e era filho de Alfredo Abel de França. Frequentou a faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, não chegando o tomar o grau de bacharel e, quando estudante, publicou, em verso, os opúsculos “Poema Rubro”, “A Imagem” e “O Pajem”. Colaborou depois em diversos jornais, sendo redactor do jornal “O Século”, de Lisboa e foi funcionário do antigo Ministério das Colónias. Alfredo de França era filiado na Maçonaria. Com o pseudónimo de Abel Moreno publicou os opúsculos já referidos, respectivamente em 1904, 1905 e 1906. Um outro trabalho intitulado “Coimbra” foi publicado em 1906 e levado à cena pela primeira vez, no Teatro do Príncipe Real, em Coimbra, na noite de 15 de Dezembro de 1906 e O Pajem, com versos receitados por Araújo Correia, foi apresentado na festa artística, na noite de 26 de Janeiro de 1907, também em Coimbra. Colaborou também nos jornais A República, Heraldo da Madeira, Diário da Madeira, Sempre Fixe, Diário de Notícias, do Funchal, Almanaque de Lembranças Madeirense, Revista Literária e outros.
Poetisa D. Joana da Piedade Velosa Castelo Branco - Nasceu na Freguesia do Faial, a 23 de Junho de 1856 e faleceu em Lisboa, a 3 de Novembro de 1920. Era filha de Caetano Veloza de Ornelas Castelo Branco e de D. Maria Rosa de Freitas. Fixou residência em Lisboa, onde era funcionária dos Correios. Colaborou em prosa e verso em diversos jornais e publicou em livro As minhas flores, Lisboa, 1905 e Flutuações, também em Lisboa, 1910. Tem ainda versos no Álbum Madeirense, 1884, e Álbum Literário, 1885.
Dr. João Albino Rodrigues de Sousa - Na antiga Escola Médico Cirúrgica do Funchal, formaram-se os seguintes médicos de Santana:
Exerceu clínica em Santana, ocupando depois o lugar de segundo Tesoureiro da Junta Geral do Distrito. Formou-se em 18016. Grande proprietário no Concelho, foi industrial de lacticínios e pugnou junto dos poderes públicos pelos interesses do Faial.